Por Ana Helena Tavares*
Pelo segundo ano seguido, o Rio de Janeiro recebe eventos de lançamento da Agenda Latino-americana Mundial, um projeto político-pedagógico popular e libertador que todo ano, desde 1992, se concretiza num livro-agenda temático. Para 2025, o tema é "Construindo Cultura de Paz" e as juventudes são as destinatárias especiais desse chamado.
Um dos eventos ocorreu na histórica sede da ABI, a Associação Brasileira de Imprensa. Gustavo de Lacerda, um jornalista negro, de origem muito pobre, que fundou a ABI, em 1908, e no ano seguinte morreu de desnutrição, ou seja, fome, ficaria certamente muito satisfeito.
Porque essa Agenda, criada pelo bispo Pedro Casaldáliga e pelo teólogo José Maria Vigil, é fruto do sonho e da ação de homens e mulheres que lutam por um mundo onde todos tenham acesso à alimentação de qualidade e todos os direitos humanos sejam respeitados.
Também por isso, meu colega Gustavo de Lacerda, se soubesse que houve outro lançamento na Rocinha, com certeza concordaria que ali, naquela que voltou a ser considerada a maior favela do Brasil, a Agenda estava em seu habitat natural. Tanto pelos ideais de sempre como pelo tema desse ano.
Afinal, como diz uma antiga música "a Rocinha pede paz para o baile não acabar". Mas a paz que existe lá hoje não é suficiente, porque não é filha da justiça. E sem justiça o baile não é para todos.
*Ana Helena Tavares é jornalista, ex-diretora de Assistência Social da Casa fundada por Gustavo de Lacerda, e fundadora do Coletivo Causas da Vida que faz parte da Rede Agenda Latino-americana.
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